INFINITUDES


Miriane Willers


Filha, certa vez pediste que eu escrevesse um poema em tua homenagem. Atendendo teu pedido, escrevi apenas: “Eu te amo!”. Apenas? Na verdade, essa minúscula expressão guarda em si a imensidão de outros sentimentos e atitudes: carinho, preocupações, sonhos, alegrias, expectativas, lágrimas, beijos, abraços, admiração, comprometimento, ternura, dedicação, sacrifícios e a incomensurável felicidade do presente que significas em minha vida.
Essa pequena frase desconstruiu minhas certezas e teorias sobre a maternidade, desde que te recebi em meus braços pela primeira vez… tão pequenina. E com personalidade de quem veio ao mundo para liderar e não se comandada. O primeiro chorinho, que se acalmou, tão logo te falei as primeiras palavras. Te aconcheguei com tanto amor, embora o medo de não saber o que fazer, como agir. Chegaste Ana – cheia de graça! E, junto contigo, responsabilidades. Proteger-te. Educar-te. Contribuir para teu desenvolvimento pleno e para que te tornes boa pessoa: sensível à dor do outro, respeitosa, comprometida, responsável, sem preconceitos, disposta a praticar o bem e fazer a diferença, onde estiveres.
Essa breve frase – eu te amo – implicou, tantas vezes, na minha ausência, para trabalhar e estudar, para que eu pudesse te assegurar melhores dias, com inúmeras possibilidades. Assegurar que, quando estiveres pronta, voes com tuas próprias asas. E nesse tempo, cresceste tão rápido, que nem vi...Talvez, eu devesse ter aproveitado mais tempo para estar ao teu lado.
Essa pequena expressão – eu te amo – faz com que não me canse de defender a relevância dos livros e da leitura. É a partir deles, que podes melhorar a ti mesma e contribuir para transformar a realidade que te cerca. A partir da leitura, podes desvendar verdades ainda desconhecidas; colocar-te no lugar do outro, ter empatia; fazer grandes conquistas. Voar! Despertar isso em ti tem sido um grande desafio. Mas não perco a esperança! A menininha que adorava ouvir a estória de “Dorotéia, a centopéia”, da Ana Maria Machado, deve estar aí em algum lugar...aquela menininha que quando a gente parava de ler, parava de mamar e só continuava, quando recomeçava a leitura. Filha, dê uma chance para os livros!!
Essa doce expressão também desperta admiração e orgulho pela filha que tu és: tranquila, simpática, boa gente, meiga, compreensiva, sensível, amorosa...Que gosta de conversar, especialmente quando em apuros. Ainda precisas vencer a insegurança para fazer surgir teu potencial. Saiba que muitas vezes me reconheço em ti...
O pequeno poema – eu te amo – faz com que eu deseje a ti, de todo meu coração, muitas descobertas, aventuras, realizações. Que te encontres, mulher, cidadã, profissional, humana!. Que faças sábias escolhas, que possam te fazer feliz! Ser feliz é o que importa nesse mundo tão complexo, líquido, tecnológico... Confio que irás empreender todos os esforços para realizar teus sonhos.
Esse amontoado de palavras é para dizer que és muito especial e amada! Nunca esqueça: te amo ontem, hoje e sempre. Mais que o infinito! Maternidade é isso: luz e sombra; aceitação e renúncia; culpa e indulto; dor e afeto; noites em claro: cuidando ou conversando; certeza e dúvidas; medo e coragem; liberdade e aprisionamento. É imperfeição: e está tudo bem! Gerar, parir, criar, maternar... verbos que me tornaram inteira e fragmentada. Obrigada, filha, por esta experiência incrível e (des)construtiva!

(Crônica produzida para o Mês das Mães SANTA SEDE)

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Miriane Willers

E-mail: mirianew@yahoo.com.br

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